quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Juristas lançam 'manifesto em defesa da democracia' no centro de São Paulo

Juristas, ex-ministros, intelectuais e políticos da oposição lançaram no início da tarde desta quarta-feira (22), no centro de São Paulo, o "Manifesto em Defesa da Democracia".

Cerca de 150 pessoas estiveram no ato, que teve a participação de personalidades como o jurista e ex-prefeito de São Paulo Hélio Bicudo e os ex-ministros da Justiça Miguel Reali Júnior e José Gregori. Estudantes da São Francisco criticaram o manifesto.

Com objetivo de "brecar a marcha para o autoritarismo", o evento foi marcado pelas críticas à presença ostensiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff. É consenso entre os signatários do manifesto que o presidente extrapola seu papel institucional ao atacar seus adversários investido do prestígio do cargo.

"Ele (Lula) tenta desmoralizar a imprensa, tenta desmoralizar todos que se opõe ao seu poder pessoal. Ele tem opinião, mas não pode usar a máquina governamental para exercer essa opinião", disse Bicudo, fundador do PT e ex-prefeito de São Paulo na gestão Marta Suplicy.

Na opinião de Reali Júnior, as falas do presidente tem por objetivo dividir o País. "Quem é opositor é contra o povo. Essa é uma grande divisão que se pretende criar", disse no saguão de entrada da faculdade. Para o ex-ministro do governo Fernando Henrique Cardoso, a manifestação é necessária para "dar um basta antes que seja necessário irmos à praça pública lutar contra a ditadura".

Como primeiro signatário do manifesto, Bicudo foi o escolhido para ler o texto. "Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano. Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo. Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático", leu Bicudo. O jurista, de 88 anos, foi muito aplaudido ao pular a mureta do púlpito em frente à São Francisco para ler o manifesto.

O ato foi convocado no momento em que veio à tona o apoio do PT a uma manifestação contra o "golpismo midiático", que acontecerá na próxima quinta-feira, 23.

Além de Bicudo, Reali e Gregori, são signatários do documento divulgado nesta quarta o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues, José Arthur Gianotti, José Álvaro Moisés e Lourdes Sola,o poeta Ferreira Gullar, d. Paulo Evaristo Arns, os historiadores Marco Antonio Villa e Bóris Fausto, o embaixador Celso Lafer, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça e a atriz Rosamaria Murtinho.
Fascismo

Para a maioria das personalidades presentes no ato, os ataques recentes de Lula à imprensa são perigosos à democracia. "Eu acho que ele está tendo atitudes fascistas", disse o também ex-ministro da Justiça do governo FHC José Carlos Dias. "O presidente ofende a imprensa quando se sente atingido por ela."

O presidente nacional do PPS e candidato de oposição à Câmara dos Deputados, Roberto Freire, atacou um discurso em que Lula falou em "extirpar" um partido de oposição. "Essa expressão 'extirpar' me lembra eventos históricos", introduziu, afirmando que o líder fascista italiano Benito Mussolini usou "essa questão de extirpar".

Estudantes

Alunos da São Francisco que acompanharam à distância o ato desta quarta criticaram o manifesto. Para o ombudsman do Centro Acadêmico 11 de agosto, a manifestação é fruto do "ressentimento de alguns professores da faculdade".

"Estão fazendo um ato em defesa da democracia. Mesmo que a tese valesse, se estão tão incomodados, a campanha começou há alguns meses. Por que só agora?", questionou.
Informações do Estadão.
Fonte: Interior da Bahia

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