quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sarney vai à luta pelo resgate da própria imagem

O presidente do Senado, José Sarney, encontrou um tema de apelo popular, o desarmamento, e voltou a aparecer no noticiário como legislador preocupado com o bem estar da população. Diante da apatia geral, da ausência de Dilma, que está na China, e da modorra do ministro da Justiça, Sarney roubou a cena e transformou-se no personagem da semana – desta vez, de forma positiva para a própria imagem.

O senador octagenário, cuja carreira ameaçou terminar de maneira nada brilhante por causa do escândalo dos atos secretos, em 2009, agarrou firme a bandeira do plebiscito da proibição do comércio de armas e saiu na frente, antes que algum aventureiro tivesse a mesma ideia. Resultado: desde a última sexta-feira (8) está na televisão, nos jornais e na internet – quase onipresente.

Um detalhe pode ter passado despercebido: a proposta de plebiscito foi apresentada por Sarney na forma de decreto legislativo, isto é, se aprovada pelo Senado e pela Câmara, não vai à presidente Dilma para sanção, e tem efeito imediato. E, claro, paternidade certa: José Sarney.

A prova de que o senador acertou em cheio foi a reação atordoada e quase enciumada de outros atores políticos. O presidente da Câmara, Marco Maia, saiu a campo para lembrar o custo da consulta popular.

- Eu acho muito ruim tomar decisões no calor dos acontecimentos. Só traria gastos para fazer a mesma pergunta.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não arriscou assumir posição antes de falar com a chefe.

Da bancada da bala, Sarney, é claro, recebeu e receberá chumbo grosso. Mas desta vez escolheu estar do lado certo: o da não proliferação de armas. Pode ser o primeiro degrau para a reconstrução da própria imagem.

Fonte. R7.com

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